O príncipe Philip foi um dos melhores profissionais de Relações Públicas de todos os tempos! Se você está concluindo o curso de RP, pode propor uma homenagem ao monarca na cerimônia de formatura. E se, como eu, já é alguém experiente nesse trabalho, seria uma ótima ideia pendurar um quadro com a fotografia do príncipe em seu escritório. Ele merece!
E antes que você imagine que estou delirando, saiba que o Duque de Edimburgo e consorte real do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, falecido no último dia 9 de abril, fez mais pelas Relações Públicas do que muitos reconhecidos profissionais de comunicação. Durante seus 99 anos de vida, teve um único “cliente”: a monarquia inglesa. E estrategicamente e com competência única agiu para melhorar e, muitas vezes salvar, a imagem da família real britânica, aumentando a paixão e a idolatria do povo pela sua rainha, atraindo o interesse de turistas do mundo inteiro e, assim, gerando divisas para o país!
Neste artigo, vou mostrar algumas das principais realizações do príncipe Philip na área de Relações Públicas ao longo das últimas sete décadas. Ao fim da leitura, tenho certeza, você concordará comigo sobre a importância deste homem inteligente, astuto e calculista – no melhor dos sentidos – que agiu nos bastidores com obstinação e como um verdadeiro Relações Públicas para a valorização da monarquia inglesa.
E se você se interessa pelo assunto e quer se aprofundar, existe um farto material à disposição gratuitamente na internet. E há, no Netflix, duas séries muito interessantes. Uma documental, chamada “The Royal House of Windsor”. E outra que coloca uma pitada de ficção na realidade, a premiada “The Crown”.
Relações Públicas: a coroação da Rainha Elizabeth 2ª!
Em 6 de fevereiro de 1952, a então princesa Elizabeth Alexandra Mary, em visita oficial ao Quênia, recebeu a notícia da morte de seu pai, o rei George 6º. Imediatamente após os serviços fúnebres, começou a ser organizada a cerimônia de coroação da nova rainha. E foi um longo planejamento, já que, para respeitar o período de luto, a coroação foi marcada apenas para 2 de junho do ano seguinte.
O príncipe Philip, casado com a futura líder da monarquia desde 1947, se envolveu diretamente com os preparativos. Foi ele quem agiu nos bastidores para convencer a esposa, os demais membros da família real e as autoridades britânicas de que a cerimônia deveria ser transmitida pela televisão. E assim foi feito. A coroação acabou sendo o primeiro grande evento de mídia global, e atraiu a simpatia dos ingleses para a monarquia, cuja imagem não era das melhores na época.
A cerimônia aconteceu na Abadia de Westminster, teve 8.251 convidados de 129 países, além de 2.500 fotógrafos e repórteres credenciados para a cobertura. Foi o primeiro evento transmitido pela televisão com a possibilidade de geração de imagens em cores. Só no Reino Unido, a audiência pela TV foi de 27 milhões de pessoas. Tudo coordenado pessoalmente por Philip, um enorme sucesso de Relações Públicas!
Príncipe Philip convenceu a rainha a mostrar os bastidores do Palácio de Buckingham
O ano era 1969 e os britânicos estavam cansados da monarquia. Reis, príncipes, duques e condes eram vistos como coisa do passado. Pior: como pessoas improdutivas que sugavam recursos públicos para manter uma rotina supérflua e de luxo.
Foi aí que o talento do príncipe Philip como Relações Públicas surgiu novamente. A ideia partiu dos profissionais de comunicação da realeza, mas coube a ele todo o trabalho de convencimento para que um documentário sobre os bastidores da família fosse produzido e exibido.
O príncipe assumiu o projeto como sendo seu, como algo fundamental para o restabelecimento da imagem da monarquia, e batalhou incansavelmente até que a rainha desse o sinal verde. Durante meses, uma equipe da BBC conviveu com os monarcas para captar imagens de almoços e jantares, reuniões de trabalho e momentos de lazer.
O documentário Royal Family foi exibido pela BBC uma única vez e contou com a audiência de mais de 30 milhões de pessoas. O trabalho foi considerado um sucesso e mudou a percepção que a população tinha sobre a realeza. Ficou claro para a opinião pública que todos os membros da família possuíam diversas obrigações e trabalhavam muito em ações voltadas para o bem dos britânicos.
Relações Públicas: como o príncipe Philip abafou o movimento separatista no País de Gales!
Em 1969, havia um forte movimento no País de Gales em busca da independência da coroa britânica. Líderes políticos locais e a maior parte dos habitantes queriam a separação. Para acalmar a todos e mostrar que a coroa dava muito valor ao País de Gales, o príncipe Philip teve uma ideia brilhante: enviar ao país o seu filho, príncipe Charles. Mas não para uma visita de cortesia ou um evento específico, e sim para viver e estudar lá por um semestre.
O príncipe Charles frequentou um curso na Universidade de Aberystwyth para se familiarizar com a cultura e aprender a língua local, o galês. Ao fim do período de estudos, Charles já era visto com bons olhos por boa parte da população. Na cerimônia em que recebeu o título de príncipe de Gales, misturou frases em inglês e no idioma local, para mostrar que fazia parte daquele povo, que era um deles.
O movimento separatista foi acalmado. Foi ou não uma estratégia de sucesso de Relações Públicas?
Príncipe Philip organizou até o próprio funeral!
E como último exemplo de como o príncipe Philip tinha alma de RP, basta dizer que ele organizou o próprio funeral. De acordo com uma reportagem publicada pelo jornal Standard, os detalhes da cerimônia foram discutidos por anos numa operação secreta batizada de Forth Bridge.
Ele insistiu para não ser realizado um funeral de estado, e sim um evento discreto, reservado, com a presença de poucas pessoas, e em que suas conquistas militares e seus esforços para a manutenção da monarquia fossem lembrados.
O objetivo do príncipe era mostrar aos britânicos que menos é mais, e que não há motivo para desperdiçar dinheiro em uma época tão difícil.
A monarquia gera milhões de libras para os cofres britânicos!
Falando em dinheiro, a revista FastCompany, em 2018, fez um levantamento das despesas para a manutenção da família real e das receitas geradas pela monarquia. O resultado do levantamento mostrou que a realeza gasta sim bastante dinheiro, mas que sua existência gera muito mais recursos para os cofres públicos.
Cada britânico paga um imposto equivalente a R$ 5,00 para a manutenção da família real. Agora veja alguns números que mostram a contrapartida:
– US$ 1,3 bilhão: valor que o efeito ‘duquesa Kate’ gera anualmente para a moda no Reino Unido. Suas escolhas de roupa e de seus filhos impulsionam vendas, alavancam marcas e ditam tendências.
– 3 bilhões: essa foi a audiência mundial do casamento real em 2011. O número é três vezes maior que a audiência da cerimônia de abertura da Olimpíada de Pequim, realizada três anos antes.
– US$ 2,7 bilhões: esse é o valor estimado de quanto o casamento real de 2011 gerou para a economia do Reino Unido.
– US$ 67,7 milhões: valor gerado pela venda de souvenirs relacionados ao casamento do príncipe Harry com Meghan Markle em 2018, no mercado local (sem considerar vendas online e em outros países).
Um trabalho de Relações Públicas que conquistou o público!
Guardei o dado mais importante para o final: 68% dos britânicos acreditam que a família real é uma instituição importante e indispensável para o Reino Unido.
Isso mostra o quanto o trabalho do príncipe Philip como Relações Públicas foi brilhante. E prova claramente o que um RP precisa fazer todos os dias em benefício dos seus clientes: agir nos bastidores, aconselhar, gerenciar crises, elaborar estratégias de comunicação bem-sucedidas, se relacionar com os públicos.
É isso que tenho feito ao longo de toda a minha carreira, para clientes dos mais diversos setores da economia. E é isso que posso fazer pela sua empresa, com o mesmo compromisso e envolvimento com que o príncipe Philip defendeu a monarquia britânica!
Até a próxima!